PM anuncia fechamento de cabines instaladas em diversas partes do RJ

18/07/2013
Decisão anunciada pelo comando da Polícia Militar gera polêmica em Niterói. Para Sindilojas, notícia é preocupante e pode representar retrocesso na Segurança.

Sem policias há muito tempo, na quarta-feira as cabines da PM foram fechadas oficialmente. A corporação publicou nota afirmando que a decisão é para tornar o patrulhamento nas ruas mais dinâmico. Polêmica, a medida já causa indignação. O presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Niterói, Leandro Santiago, é um dos que condena a decisão.

Para ele, é uma forma de mascarar a falta de efetivo. “Até entendo que há cabines implantadas no passado a pedido de políticos apenas para ganhar votos. Mas há cabines em pontos onde são essenciais, como a da Praça Enéas de Castro, no Barreto. Esses caras estão loucos!”, dispara.

Charbel Tauil, vice-presidente do Sindilojas, também critica a medida. “Esta notícia é extremamente preocupante, porque pode representar mais um retrocesso na estrutura de segurança pública para Niterói. Nossa cidade já sofre com o esvaziamento de seus efetivos policiais, que foram minguando enquanto a população aumentou vertiginosamente. O quadro piorou ainda mais com a implantação das UPPs no Rio, que resultaram na migração de muitos criminosos para cá. O resultado é o clima de crescente insegurança, que tem afetado a todos. No caso específico de Niterói, cabe lembrar que as cabines de policiamento foram viabilizadas através de doações feitas pelo empresariado. O Sindilojas, que representa cerca de quatro mil lojistas, vai se mobilizar para evitar que as cabines venham a ser desativadas em nossa cidade”.

Já para Fabiano Gonçalves, presidente da Câmara de Dirigentes e Logistas (CDL) de Niterói, a desativação das cabines pode ser uma boa medida. Ele acredita que a segurança da cidade precisa de mobilidade. “Não adianta termos uma cabine se ela não possui um policial, ou se este PM não pode se deslocar. Acho que a alternativa seria a implantação de viaturas nos pontos onde estas cabines estão, permitindo um deslocamento rápido até determinada ocorrência. Outra forma de policiamento importante para a cidade é pauta do atual prefeito, Rodrigo Neves, o monitoramento por câmeras. Esta iniciativa pode contribuir efetivamente no combate ao crime”, argumentou.

De acordo com a nota da PM, os responsáveis pelos batalhões poderão manter funcionando cabines em pontos que acharem estratégicos. Os comandantes do 12º (Niterói) e do 7º BPM (São Gonçalo) foram procurados para comentar a determinação, mas não retornaram as ligações feitas para os celulares deles.

Com baixo efetivo, as duas cidades já haviam fechado suas cabines mesmo antes da determinação. Nas ruas de Niterói, moradores condenam a desativação das cabines. “Claro que policiais andando pelo bairro é muito bom. Mas quem passa pela praça não se sente seguro com a cabine vazia”, avalia o vendedor Antonio Lins, de 56 anos.

Segundo moradores do Barreto, apenas alguns poucos policiais que aderiram ao Regime Adicional de Serviço (RAS) são vistos policiando o bairro. Por conta disso, não costumam ver PMs na cabine.

Em Icaraí, moradores também criticam o fechamento das cabines. O protético André Otaviano, de 30, acredita que é uma forma de botar mais policiais na rua, mas ao mesmo tempo ressalta que se perde a segurança em um ponto central do bairro, referindo-se à cabine fechada na Av. Engenheiro Martins Romeu. “O policiamento tem que ser reforçado nas ruas internas dos bairros. Mas uma base fixa onde possamos recorrer em casos de urgência faz muita falta”, argumenta.

Troca de cabines por viaturas, justifica a PM –  Em São Gonçalo, cabines da PM também já haviam sido fechadas há bastante tempo em Santa Luzia, Barro Vermelho e Venda da Cruz. Neste último, como resultado, segundo moradores, a praça do bairro acabou se tornando ponto de usuários de drogas durante a noite. “Aqui a cabine fechada está fazendo muita falta”, lamenta a comerciante Simone Ferreira, de 40.

A nota da PM justifica a decisão sob a alegação de que “ocorrências criminosas em bairros que dispõem de cabines acabam sendo bem resolvidas por viaturas”.

Fonte: Jornal “O FLUMINENSE