A falta de vários tipos de produtos no varejo, da cerveja premium a modelos de eletrodomésticos mais vendidos, pode ser um obstáculo ao avanço das vendas neste Natal, além da disparada da inflação.
O Estado de S.Paulo
21Com a paralisação que houve no início da pandemia e o fechamento das lojas físicas, muitas indústrias reduziram o ritmo de produção com medo de acumular estoques. Resultado: as cadeias de produção se desorganizaram. Mas com o aumento abrupto do consumo registrado nos últimos meses, muitos fabricantes não conseguiram retomar o ritmo produção anterior para atender às encomendas. Há dificuldade de obter matérias-primas, componentes eletrônicos e, principalmente, embalagens.
Esse problema é nítido na Sondagem do Comércio do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Nos últimos dois meses, quase um quarto das empresas do varejo apontou o tempo de entrega dos fornecedores como um fator limitante à melhora dos negócios. Foi o maior resultado mensal alcançado nesse quesito desde março de 2010. “Em novembro, até houve uma acomodação, mas ainda há muita empresa reclamando da entrega de fornecedores, o que reflete a dificuldade que a indústria enfrenta”, diz o coordenador da sondagem, Rodolpho Tobler .
Um segmento que chama atenção é o de móveis e eletrodomésticos, onde a fatia de lojas apontando a entrega de produtos como um problema atingiu 40,5%, em outubro, e 26,5%, em novembro.
Para José Domingos Alves, supervisor-geral da Lojas Cem, terceira maior varejista de móveis e eletrodomésticos do País em faturamento, a falta de mercadorias hoje é um problema maior para as vendas de fim de ano do que a inflação.
“Temos produtos comprados e com a entrega atrasada há mais de um mês”, reclama Alves, assinalando que não ter o item disponível na loja significa perder venda. O executivo conta que a situação é generalizada nos eletroeletrônicos, porém é mais crítica na linha branca, que reúne freezers, fornos micro-ondas e fogão, por exemplo.
A perspectiva, diz Alves, é que as entregas se regularizem só no segundo trimestre de 2021. Segundo ele, os fabricantes já sinalizaram novos aumentos de preços para o ano que vem.
Cerveja.
Os supermercados também enfrentam dificuldade com a falta de tipos de cervejas, especialmente as da linha premium. Em novembro, a falta do produto beirou 20%, uma marca recorde, segundo a Neogrid, que monitora a cadeia de suprimentos de 40 mil lojas no País.