Donos de bares reclamam que violência espanta a clientela

18/08/2013
No Centro, houve queda de 80% no faturamento de bares e restaurantes, informa representante da categoria. Número de roubos a comércios em Niterói aumentou 81%.

A escalada da violência que assola Niterói está causando impacto negativo para os lojistas do Centro. O presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Similares de Niterói, Américo Figueiredo, disse que houve queda de 80% no faturamento dos restaurantes do bairro. De acordo com o último levantamento, divulgado na última semana, pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), o número de roubos a comércios em Niterói aumentou 81% em junho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Os casos subiram de 16 em 2012 para 29 em 2013. Roubos a pedestres também tiveram alta, de 24%, com os números subindo de 190 para 235 no período.

O presidente do Sindilojas de Niterói, José Luiz Pascoal, afirma que o medo da violência também representou queda no faturamento do restante do comércio. Para ele, os consumidores tendem a se retrair, reduzindo ao máximo a circulação pela cidade, evitando saques em bancos e o transporte de mercadorias.

“A maioria dos restaurantes do Centro não oferece os serviços durante a noite, inclusive estão fechando as suas portas por conta dessa violência que sempre aconteceu. Eu, por exemplo, não saio de casa com a minha família para jantar no Centro de Niterói. O sindicato está extremamente preocupado. São três mil prejudicados”, disse Américo.

“O lojista tem que enfrentar o medo de abrir as portas a cada dia, além de enfrentar a redução do faturamento e o aumento de despesas com segurança e com equipamentos de vigilância. Com tudo isto, menos se vende, menos dinheiro circula, menos impostos são recolhidos e inúmeros postos de trabalho se vêem ameaçados”, avalia Pascoal.

A categoria, no entanto, se mantém esperançosa de que haja a mudança neste quadro da violência. “Essa onda de violência trouxe um medo muito grande para moradores e lojistas. Ainda não percebi comentários a respeito de mudança no faturamento dos comércios, se houve queda ou não, até porque ainda é cedo para falar, mas esperamos que isso não aconteça”, disse Fabiano.

A procura dos comerciantes por equipamentos de segurança cresceu 50% no último mês, segundo empresas especializadas no setor. O aumento pela demanda foi confirmado pelo presidente da Câmara de Dirigentes e Lojistas de Niterói (CDL) e secretário de Desenvolvimento Econômico, Fabiano Gonçalves.

“As entidades representativas do empresariado local, como o Sindilojas, a CDL, a Firjan e a Associação Comercial, estão mobilizadas em torno de propostas concretas para melhorar a segurança pública em nossa cidade. Esperamos nos próximos dias ter uma reunião com o secretário [de Segurança José Mariano] Beltrame, para tratarmos dessas questões”, disse.

De acordo com Fabiano, a maioria dos comércios começou a se equipar com câmeras de segurança, como medida preventiva, que também pode ajudar no funcionamento das lojas. Um dos comerciantes que tomou essa medida foi Cláudio Dias, que tem uma ótica na Rua São Pedro e um restaurante na Rua Maestro Felício Toledo.

“Na última semana, 12 garotos de rua entraram nos estabelecimentos aqui na Rua São Pedro e fizeram a limpa. Hoje (sexta-feira) um homem de aproximadamente 30 anos ficou rondando aqui. As pessoas estão com medo. Eu coloquei câmeras nos estabelecimentos para tentar identificar esses bandidos”, desabafou.

Fonte: O FLUMINENSE