Economia urbana

Artigo do presidente do Sindilojas Niterói, Charbel Tauil, publicado em “O Fluminense” de sábado, 22/02/2014.

2013-02-22 - Economia urbana
Economia urbana

Cena 1: após longa e intensa mobilização das entidades representativas do comércio de Niterói, a Prefeitura concorda em reabrir ao trânsito de veículos o trecho da Rua Almirante Teffé, no Centro, que anos antes havia sido transformado em passagem exclusiva de pedestres. Feitas as obras e afinal liberada a rua, os resultados são animadores — muitas lojas da região prontamente registram vendas até 30% maiores. O êxito impulsiona a reabertura, tempos depois, também da Rua Visconde do Uruguai, proporcionando maior fluidez ao trânsito no bairro, melhor circulação (inclusive de pedestres!) em toda a área, e um sensível incremento nas vendas em todo o entorno.

Cena 2: neste início de 2014, profundas mudanças começam a ser feitas no trânsito do Centro do Rio de Janeiro. São fechados o Mergulhão da Praça Quinze e também diversos estacionamentos junto à Rua da Alfândega. Desdobramento imediato: a SAARA, associação representativa de 1.200 lojistas, acusou nada menos que 20% de queda nas vendas. O impacto foi de tal forma negativo que a prefeitura carioca já começa a considerar hipóteses para facilitar o acesso dos consumidores à região.

Em que pesem a diversidade no tempo e no espaço, as duas cenas descritas acima têm em comum o indicativo do quanto são importantes, para a vitalidade comercial de uma área, as discussões referentes a trânsito, transportes e estacionamentos. A estes quesitos poderíamos somar aspectos tais como locais e horários e carga e descarga; concentração de pontos de táxi, e distribuição de pontos e linhas de ônibus.

Uma alteração viária qualquer, que para o observador comum pode parecer trivial, algumas vezes representa a sentença fatal de um empreendimento lojista. Obviamente, não se pode pensar em congelar o desenvolvimento, detendo a dinâmica urbana. Mudar faz parte do processo. Temos plena consciência disso.

O comércio precisa ter tratamento à altura de seu status de motor da economia local. As entidades representativas do setor devem ser consultadas previamente, sempre que o Poder Público for se debruçar em alterações viárias e de transportes, dividindo assim, inclusive, a responsabilidade das decisões.  Não custa nada, e os benefícios certamente serão muitos, e para todos. A população poderá ser mais bem servida de produtos e serviços; e os comerciantes, por sua vez, venderão mais, resultando em crescimento na arrecadação de impostos, manutenção ou criação de novas vagas de trabalho, fazendo assim girar a grande roda do desenvolvimento econômico, que traz consigo índices gradualmente mais altos de distribuição de renda e justiça social.